8 de setembro de 2014

Uma em um bilhão

Eu nem sempre tive 100% de certeza de onde eu vim. E eu sei que você também não. Acontece que, às vezes, a gente olha pra esse mundão e não consegue nem imaginar o tamanho que tem, e quantas pessoas diferentes existem, e quanta fauna, flora, e todos os outros planetas e corpos celestes que existem nesse universo. E, voando pelo espaço, procurando uma resposta, a gente perde altura de voo e vai caindo aos poucos de volta pra atmosfera, pro nosso país, pra nossa cidade, até que volta pro nosso umbigo, e não sabe mais sequer qual o valor que se tem.
     
Eu gosto de pensar que sou o fruto de uma máquina de improbabilidade infinita. Não só pensando em tudo que fez parte do surgimento do planeta, do universo, e das espécies todas, mas pensando em tudo que me torna quem eu sou. Todos os meus atributos, minha personalidade, as pessoas que conheci, os lugares por onde andei. É lindo imaginar que nada aconteça por acaso.
     
Eu não sou só filha dos meus pais. Sou filha dos meus avós, bisavós, tataravós, e dos tataravós deles, e dos tataravós seguintes. Eu não seria quem sou se outro dos espermatozoides do meu pai tivesse fecundado o óvulo da minha mãe. Eu poderia nunca ter existido sem alguém a centenas de anos atrás tivesse tomado um caminho diferente num dia quente, ou não tivesse se mudado de cidade. Se, em vez de olhar pra esquerda, e visto a pessoa por quem se apaixonou, tivesse olhado pra esquerda.
     
Isso parece pequeno, mas é grande, poderoso, precioso. Eu não sou um acidente, nem milhares de acidentes. Eu sou como uma canção da orquestra do Universo. E toda pedra no caminho é uma nova história em potencial para que surja na minha vida. Todo bem, e todo mal que vem, faz parte da minha vida, e estará sempre contido na história de quem vier depois.
     
Eu poderia ter sido várias, mas fui eu quem venci nessa máquina de possibilidades. Eu sou uma em um bilhão, mas também sou só uma parte dessa rede que relações sobre a qual nós construímos a vida. Muitas outras pessoas ainda virão. Pessoas que eu conhecerei, pessoas cujas vidas começarão através de mim. E eu fico feliz em saber que farei parte da improvável preciosidade da vida delas.